terça-feira, 28 de junho de 2011

Partir





Já tive um igual , há muito tempo, só que era azul! Naquela época eu estava sempre pronta para partir para qualquer lugar. Não me lembro se tinha sempre vontade, acho que simplesmente ia e pronto, sem pensar muito. Os tempos eram outros, tudo se fazia, tudo se resolvia, ia-se com facilidade.  Hoje também queria muito partir,  para qualquer lugar, mas falta-me o meu carocha azul  para me levar...

O vento que passa

Leve, leve, muito leve,
Um vento muito leve passa,
E vai-se... sempre muito leve.
E eu não sei o que penso
E nem procuro sabê-lo.
(Fernando Pessoa)

A Surpresa e o Inesperdo





O inesperado acontece, de surpresa em surpresa! O que nos resta fazer  quando ele aparece e nos sorri? Sorrir de volta?


domingo, 26 de junho de 2011

Amizade II


Ainda sobre o poste de Amizade, mais duas palavras: é inevitável que a tristeza nos invada quando percebemos que estamos sempre disponíveis, damos o nosso tempo, muitas vezes damos prioridade em relação às nossas coisas para satisfazermos as necessidades dos amigos que nos procuram, mas quando precisamos nem que seja de uma palavra de conforto, o que encontramos são desculpas esfarrapada ou então, pior, apenas silêncio!  Estranho este conceito de amizade... amigos!

Na busca de inspiração

 
Na busca de inspiração, nunca sabemos o que encontramos (anna)

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Amizade

 
O facto de permitirmos que alguém entre na nossa vida não acontece porque sim, porque é giro ou porque  conta umas piadas, as pessoas entram no coração dos outros porque existe algo forte para além da sua aparência física ou dos seus dotes, existe empatia, interesse, química, sei lá....  por vezes nem fazemos nada para que isso aconteça e como que "por arte e manhas"  somos levados a criar esses laços.
O coração de cada um não é o centro de emprego onde passam o tempo a entrar e a sair à procura de alguma coisa que interessa, muito menos a Santa Casa da Misericórdia onde se procuram bens essenciais, que numa relação de amizade se pode traduzir em aconchego, companhia, ajuda....  a amizade é mais do que isso e tem de ter dois sentidos - o de dar e o de receber.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Não digas nada


Não digas nada!
Não, nem a verdade!
Há tanta suavidade
Em nada se dizer
E tudo se entender -
...Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada!
Deixa esquecer.
Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda esta viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz...
Não digas nada
(Poesias inéditas Fernando Pessoa)

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Quando eu Nasci

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava,
Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve estrelas a mais...
Somente, esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci,
não houve nada de novo senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...
P'ra que o dia fosse enorme,
bastava toda a ternura que olhava
nos olhos da minha mãe
(José Régio)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ser optimista?

 Ou tentando...
Sobrevivo com vontade de viver. Vivo com sede de voar. Vôo com medo de cair. Caio sem ter onde me apoiar. Apoio-me sobre o vento sem destino. Sem destino ando a divagar. Divago sem pensar no amanhã.... tarde demais, o amanhã já chegou!

(Ver)dade II



Quando pretendemos ver a (ver)dade e não tiramos os olhos de cima dela acabamos por esquecer que a queremos ver e ficamos só a olhar para ela; mas se fizermos por esquecê-la, quanto mais nos esforçamos por nos distrair, mais a verdade nos agarra pelos pulsos e nos fala cara a cara! Difícil......

(Almada Negreiros in "Nome de Guerra")

segunda-feira, 6 de junho de 2011

As Janelas do meu quarto

 
Aurora Boreal
Tenho quarenta janelas
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas                                                                                                       posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do Sol,
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas
que andam no céu a rolar.
Por esta entra a Via Láctea
como um vapor de algodão,
por aquela a luz dos homens,
pela outra a escuridão.
Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza,
pela da frente a beleza
que inunda de canto a canto.
Pela quadrada entra a esperança
de quatro lados iguais,
quatro arestas, quatro vértices,
quatro pontos cardeais.
Pela redonda entra o sonho,
que as vigias são redondas,
e o sonho afaga e embala
à semelhança das ondas.
Por além entra a tristeza,
por aquela entra a saudade,
e o desejo, e a humildade,
e o silêncio, e a surpresa,
e o amor dos homens, e o tédio,
e o medo, e a melancolia,
e essa fome sem remédio
a que se chama poesia
........
(António Gedeão)

Às vezes há ligações difíceis de manter

O que eu não consigo